“A lança transpassou o lado de Cristo e manou o nosso preço” (Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja).
Este coração transpassado de Jesus, sintetiza toda a história da salvação. Deus que nos ama, vencerá com seu amor a não correspondência da humanidade e os reconduzirá a si os homens e fará com que amadureçam no seu amor.
Os homens deverão entrar em si e compreender finalmente com que amor Deus os amou, como cuidou deles, a ponto de dar a sua própria vida para que se reconciliassem com o Pai.
Cabe-nos a refletir: será que hoje nos tornamos tão insensíveis, tão incapazes de ver e sentir, a ponto de não percebermos que em torno de nós, dentro de nós, há um amor do qual provém tudo o que é bom, belo, verdadeiro e válido em nossa vida?
É o que a Solenidade do coração de Cristo nos convida a meditar, ou seja, a pensar mais em nós do que Nele, para assim chegarmos a entrever seu amor, a ver que somos fruto do seu amor e que por isso devemos também ser amor para Ele. É tomando a consciência disso que fazemos valer a pena o que professamos: Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso.
Observa o pouco que custa pronunciar estas palavras e o profundo que é seu significado. É Deus e é Pai: Deus pelo poder, Pai por sua bondade. Que felizes somos os que em Deus temos encontrado a nosso Pai! Creiamos, pois, Nele e esperemos tudo de sua misericórdia, porque é todo-poderoso: por isso cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso.
No símbolo também professamos: No perdão dos pecados – assim fala Santo Agostinho: “Se isto não ocorresse na Igreja, não haveria nenhuma esperança. Se na Igreja não houvesse o perdão dos pecados, não haveria nenhuma esperança de vida futura e de eterna remissão”. Damos graças a Deus por ter concedido a Igreja este dom, Igreja esta que nasceu do coração de Cristo transpassado na cruz do qual brotou dois sacramentos: Batismo e Eucaristia. A fonte de purificação e o alimento para nossa alma.
Nesta solenidade somos exortados a lembrar sempre que no calvário tudo parece acabado, isso é uma verdade para os que crucificaram Jesus, mas o discípulo amado compreende que tudo começa agora num plano mais elevado. O verdadeiro discípulo vê o pleno significado daquele sacrifício, o verdadeiro cordeiro de Deus foi imolado na verdadeira Páscoa para a mais verdadeira e plena libertação dos homens da escravidão do pecado.
E nós, redimidos em Cristo e participantes da sua natureza divina pelo batismo, somos o discípulo amado de Cristo na medida em que conformamos o nosso coração ao coração Dele, as nossas atitudes e ações, às ações do Mestre, e desta forma, unimos a nossa vida a vida de Cristo.