“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de seu agrado” (cf. lc 2,14)
Na Solenidade do nascimento de Jesus Cristo, nosso Senhor, celebramos o cumprimento das Escrituras: o Deus invisível em sua divindade que se torna visível em nossa carne, assumindo a condição humana. Jesus, “gerado antes dos tempos, entrou na história da humanidade para erguer o mundo decaído, restaurando a integridade do universo”, possibilitando ao ser humano ser redimido e introduzido no Reino dos Céus. Jesus, na Encarnação “assume nossa fraqueza”, dando uma incomparável dignidade à natureza humana.
Quando olhamos para o presépio nos deparamos com a graça de Deus que se fez criança, vemos o Verbo divino encarnado, habitando entre nós, por isso, viver o Natal do Senhor é motivo de alegria, pois presenciamos o nascimento da própria Vida, celebrando a primeira vinda de Jesus Cristo, esperançosos da sua segunda.
A figura de Jesus Menino nos traz uma inversão de valores, pois “desde o seu nascimento, Jesus não pertence àquele ambiente”, Ele é, “precisamente, um homem irrelevante e sem poder que Se revela como verdadeiramente Poderoso, como Aquele de quem, no final das contas, tudo depende”.
Celebrar o Natal, portanto, não é celebrarmos o aniversário de Cristo, pois não se é uma celebração do passado, de algo que ficou para trás, mas, pela Liturgia, celebramos o Senhor do tempo e da eternidade, tornando-se presente o mistério salvífico de forma atual e atuante: “Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor” (Lc 2,11)
“Jesus Cristo, Deus Eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco! Glória a Deus nas alturas!”
Epifania do Senhor
“Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos com presentes adorar o Senhor” (cf. Mt 2,2)
A Liturgia que antecipa o Tempo do Natal nos fala a respeito de uma preparação para as “festas que se aproximam”, que são compreendidas em cinco:
a Natividade (Natal);
a Sagrada Família;
a Santa Maria Mãe de Deus;
a Epifania; e
o Batismo do Senhor, que fecha o “Tempo Natalino”.
Todas estas festas, cada uma com um aspecto próprio, celebram um só Mistério: o Verbo Eterno que fez-Se verdadeiramente homem em Maria, a Virgem, para que, assumindo a nossa condição humana salvasse a humanidade. Há ainda mais uma festa que não pertence ao Tempo do Natal, mas está ligada ao ciclo do Natal: a Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro.
“Na mesma região [do nascimento de Jesus] havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho. O Anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor envolveu-os de luz” (Lc 2,8-9). As primeiras testemunhas do grande acontecimento são pastores que estão de vigia, eles representam “os pobres de Israel, os pobres em geral: os destinatários privilegiados do amor de Deus”. Podemos ainda associar a presença dos pastores que foram até o Menino Deus com a pessoa de Davi que “vem do meio das ovelhas que apascenta e é constituído pastor de Israel” (cf. 2Sm 5,2). Segundo a profecia de Miqueias de “Belém sairia aquele que havia de apascentar um dia o povo de Israel”, portanto, Jesus nascendo entre os pastores, nos mostra que “Ele é o grande Pastor dos homens (cf. 1Ped 2,25; Heb 13,20).
Vivenciarmos a Epifania do Senhor significa celebrarmos a sua manifestação gloriosa diante de todos os povos representados pelos “magos vindos do Oriente” (cf. Mt 2,1) que lhe trouxeram ouro (que “apontaria para a realeza de Jesus), incenso (mostrando que Ele é o Filho de Deus) e mirra (associando-se com o mistério da Paixão). Os magos representam os povos não-judeus, eles são uma prefiguração de que a Boa Nova, o Evangelho de Cristo devia ser anunciado a todos os povos e nações, a judeus (representados pelos pastores) e a pagãos (representados pelos magos).
Celebramos, portanto, a Revelação do mistério do Filho de Deus Encarnado “como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” e o cumprimento da promessa feita a Abraão: “por ti serão abençoados todos os clãs da Terra” (Gn 12,3). Hoje também somos convidados a nos deixar guiar pela Luz do próprio Cristo Jesus, pois Ele a manifestou para nós, assim como manifestou sua Luz aos magos, portanto, também nós devemos “adorá-lo e presenteá-lo com nossos melhores dons: o ouro das nossas boas obras, a mirra do nosso coração e o incenso do nosso amor”.
Assim como na oração pós-comunhão feita na Missa da Solenidade da Epifania do Senhor, peçamos também nós: “Ó Deus, guiai-nos sempre e por toda parte com a vossa luz celeste, para que possamos acolher com fé e viver com amor o mistério de que nos destes participar. Por Cristo, nosso Senhor. Amém”.
Fonte: BIO - Boletim Informativo de OsascoPor Sem. Thiago Jordão da Silva