A ‘São Pedro e São Paulo’ recebeu no início de setembro a graça de ter um diácono para auxiliar nos trabalhos pastorais. Cleyton Torres ficará na paróquia até a conclusão dos seus estudos teológicos, no fim de 2016, quando então ele voltará definitivamente para a sua diocese de origem, em Anápolis-Goiás.
Desde 2010, ele iniciou todos os seus estudos de seminarista no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, em Itapecerica da Serra. E no último dia 06 de agosto, na Solenidade da Transfiguração do Senhor, foi ordenado em sua diocese.
Como surgiu sua vocação?
A partir do ano de 2000, com o início da minha conversão, Deus vinha colocando no meu coração o desejo da vida consagrada. Desde então e até a minha entrada no seminário, sempre me comprometi profundamente com as atividades paroquiais, sobretudo entre os jovens e também num ministério missionário de música. Porém, apenas entre os anos de 2008 e 2009 dei mais atenção para a Ordem Sagrada: devido a minha participação ativa na liturgia e também por ver de perto situações onde o papel do sacerdote foi essencial para a salvação de algumas almas.
Quando eu estava quase terminando meu bacharelado na Universidade Estadual de Goiás, tinha a minha independência e autonomia, pensava estar feliz por ter a vida que eu queria, até mesmo por trabalhar na área em que estava me formando (computação e sistemas de informação). Porém percebi que não estava completo e nem feliz de verdade, pois ainda havia um vazio inexplicável no meu coração. Passei, então a cogitar mais seriamente a possibilidade da doação total da minha vida para Deus, de uma forma mais efetiva. Foi então que, com a ajuda do meu diretor espiritual e iluminado pelo Espírito Santo, discerni que entrar para o seminário seria uma boa forma de eu tirar várias dúvidas sobre a vontade de Deus para mim. Com o passar dos anos de formação, esse propósito da vida clerical vem se fortalecendo e se confirmando cada vez mais, graças a Deus em sua providência.
Como foi a definição que ficaria na SPSP? E como recebeu essa missão de passar seu diaconado na nossa paróquia?
A ideia de ir passar esses próximos meses na paróquia surgiu na sala de aula com uma brincadeira do Pe. Carlos Eduardo (pároco da SPSP e professor no seminário) que numa conversa, eu partilhava sobre a possibilidade da minha ordenação na metade do último ano da teologia. Então o padre brincou em me levar para ajudá-lo na paróquia, visto que seria uma grande ajuda se isso viesse a acontecer. Respondi que ficaria muito feliz com isso, pois seria uma oportunidade pastoral muito boa para a minha formação: estar mais próximo de um pároco, mergulhado na paróquia, ajudando em todas as áreas que fosse possível e necessário, além de estar disponível a todas as pastorais, tudo isso seria um grande salto para a minha formação, pois até então só tenho tido oportunidade de trabalhar na pastoral dos surdos do seminário desde a minha entrada no seminário.
Desta forma a providência divina transformou a brincadeira em realidade. O Pe. Carlos consultou seu bispo, D. João Bosco, conversamos com o reitor do seminário, Pe. Pierre Salabert, L.C., e ambos concordaram que seria uma ótima oportunidade para todos nós.
Com esta nova missão, sendo bem sincero, fiquei com o coração dividido: ir aos finais de semana para Carapicuíba exige que eu me afaste da pastoral dos surdos do seminário. Como já era de se esperar, me apeguei muito a esta pastoral, pois me doei completamente a ela durante os últimos seis anos e meio. Além do mais, nos últimos dois anos que eu estive como coordenador geral da pastoral, Deus tem aumentado de forma surpreendente o meu amor por ela. Mas como Deus é Pai e não desampara seus filhos, até isto Ele providenciou que acontecesse da melhor forma possível: estou, de fato, deixando a pastoral dos surdos do seminário, mas preciso acompanhá-los até o fim do ano, para terminar de desenvolver o projeto que traçamos, ajudar a nova coordenação a tomar as rédeas sem que haja nenhuma descontinuidade. Na verdade, não estou os deixando, mas apenas acompanhando-os um pouquinho mais de longe, como o pai que ensina seu filho a caminhar sozinho.
Além do mais, estou muito feliz em ir passar estes próximos meses na paróquia S. Pedro e
S. Paulo. Há uns três anos atrás, participei de uma missão com os jovens da paróquia, um pouquinho antes da inauguração da capela S. Francisco de Assis, e gostei muito da vida da paróquia. Para ser sincero, esta paróquia se parece muito com a minha paróquia de origem, em Anápolis, e, por isso, “me senti em casa”. Assim, posso dizer abertamente que estou muito feliz e animado em assumir essa missão de exercer o início do meu ministério diaconal com vocês, servindo-os e crescendo junto com vocês. É por isso que conto muito com as orações e a ajuda fraternal de todos vocês, a fim de que eu responda a este chamado de Deus como Ele espera que eu responda.
Já tem previsão para a ordenação sacerdotal?
É provável que a minha ordenação sacerdotal seja no final do ano que vem, na Solenidade de Cristo Rei de 2017. Mas ainda não é certo, pode ser que esta data seja alterada. O diaconado não é simplesmente uma fase burocrática de transição entre o seminário e o presbiterado, com “data de validade”. Estou muito animado em viver bem o meu diaconado, sem pressa, aproveitando bem esta fase da minha vocação, a fim de estar completamente entregue em todas as minhas atividades ministeriais, sendo totalmente aquilo que Deus espera de mim. Eu sei que vivenciar intensamente o meu diaconado fará toda a diferença para aqueles a quem eu servir durante este período. Além disso, tenho consciência que a vivência correta do meu diaconado ajudará a “terminar de construir” o sacerdócio que vou exercer, para o meu bem e para o bem daqueles que vou servir como pastor.